Drywall resistente à umidade. Componentes hidrofugantes reforçam resistência das placas para o uso em ambientes úmidos, mas não dispensam tratamento específico.
Rapidez e limpeza na execução encabeçam a lista das vantagens do drywall. Quando a ideia é usar o sistema em ambientes molháveis, no entanto, outro importante benefício ganha destaque: a facilidade de acesso ao interior da parede, o que torna a manutenção de tubulações hidráulicas muito mais práticas. Tudo começa com a correta escolha da placa, que deve atender a requisitos mínimos de resistência à umidade. “A opção mais econômica para tais situações é a placa verde”, aponta Omair Zorzi, gerente técnico da Knauf.
A coloração esverdeada está presente apenas no cartão e tem como único objetivo a diferenciação das chapas disponíveis no mercado – as três mais comuns são a verde, resistente à umidade (RU), a branca standard (ST), indicada para uso geral em áreas secas, e a rosa, resistente ao fogo (RF).
O diferencial da placa verde é levar em seu núcleo de gesso componentes hidrofugantes, tais como parafina e silicone, que reduzem significativamente a taxa de absorção de água pelo material. Carlos Roberto de Luca, gerente técnico da Associação Drywall, explica que, de acordo com a norma NBR 14.715, “a chapa RU deve apresentar uma taxa de absorção de água máxima de 5%, ou seja, pode absorver até essa porcentagem de seu próprio peso em água”. Para a ST não há um limite estabelecido por norma, mas, segundo o especialista, é comum que ultrapasse os 30%.
Garantir que a chapa esteja sendo usada no ambiente para o qual foi destinada é essencial, uma vez que o uso indevido pode acarretar na perda da garantia do produto. É importante ressaltar que a placa verde não é à prova d’água, e sim indicada para ambientes internos sujeitos ao vapor e à projeção de água por tempo limitado e de forma intermitente, como banheiros, lavabos, cozinhas e áreas de serviço. Ao contrário do que muita gente pensa, em áreas de boxes de banheiros residenciais o uso está liberado, justamente porque não há projeção de água constante. Nesses casos, a exigência é acrescentar uma barreira mecânica, exatamente como é feito em paredes de alvenaria. “Pode ser um revestimento cerâmico ou tinta epóxi”, exemplifica Carlos de Luca. No teto desses ambientes, não há a necessidade de usar a placa verde: drywall standard ou gesso convencional dão conta do recado, pois o mofo que eventualmente se forma na superfície do forro pode ser eliminado com limpeza a base de água sanitária e repintura regular.
Em fachadas e outras utilizações em ambientes externos, é obrigatório trocar o gesso pela placa cimentícia (em geral feita de cimento, agregados e malha de fibra de vidro). Já em locais com umidade elevada que não sejam expostos a intempéries – a exemplo de vestiários de clubes e academias, piscinas cobertas, cozinhas e lavanderias industriais – é possível se valer de modelos especiais de drywall, que apresentam resistência à umidade superior ao da placa verde. É o caso da Glasroc H, lançamento recente da Placo: trata-se de uma chapa de gesso revestida em ambas as faces com véu de vidro de cor azul. Devido à ausência de papel em sua composição e a um tratamento especial hidrófugo, evita a proliferação de fungos e permite um contato mais frequente com a água – de acordo com o fabricante, a taxa de absorção é inferior a 3%. Mas considere a necessidade e o orçamento: essa versão chega a custar mais do que o dobro se comparada à RU comum. E vale lembrar que ela não é recomendada para o uso em saunas e ambientes com temperatura superior a 45 ºC, motivo pelo qual seu uso em áreas de piscinas aquecidas exige uma consulta com o departamento técnico da empresa.
As tubulações devem ser embutidas durante a execução da estrutura metálica da parede, bastando observar alguns cuidados nesta etapa. Em caso de encanamentos plásticos, a recomendação é utilizar anéis de proteção no encontro destes com os montantes, uma vez que os perfis metálicos podem apresentar trechos cortantes bastante afiados, capazes de danificar as tubulações e ocasionar vazamentos. Já quando a obra possui encanamentos de água quente de cobre ou bronze, o importante é proteger os montantes, uma vez que o contato prolongado entre esses diferentes metais pode gerar uma reação chamada pilha galvânica, que leva os perfis metálicos de aço galvanizado à corrosão precoce.
Os pontos de saída de água devem ser fixados na estrutura da parede diretamente nos montantes ou por meio de reforços entre os perfis. Em geral, o primeiro caso é indicado para aqueles que não são manuseados pelo usuário, como engates flexíveis para alimentação de bacias e misturadores de mesa – a fixação é feita com a utilização de acessórios específicos para este fim, chamados de flanges. Já os pontos que são manuseados pelos usuários, como torneiras e registros, devem ser presos em reforços horizontais localizados entre os montantes, que podem ser perfis galvanizados ou de madeira tratada. As frestas da região de contato entre os pontos de saída e a chapa de gesso devem ser vedadas com selantes elastoméricos, nunca com gesso ou massa corrida.
É aconselhável, ainda, investir em isolamento acústico com lã de vidro, de rocha ou de PET, a fim de minimizar o ruído resultante da passagem de líquidos pela tubulação. A lã deve ser posicionada após o fechamento de um dos lados da parede, preenchendo uniformemente o espaço entre os montantes – desse modo, evita-se vazios que poderiam permitir a passagem do som – e sendo fixada com fita. “Também há a opção de envolver diretamente o encanamento com tubos feitos de lãs mineiras”, aponta Carlos Roberto de Luca. Para tanto, é possível adquirir produtos específicos a esse fim, disponíveis em diversos diâmetros, ou realizar o envelopamento dos canos com cortes na lã comum.
Vale lembrar que, independentemente do uso de uma dessas soluções, conforme determina a norma técnica NBR 15.758, é obrigatória a utilização da banda acústica em qualquer sistema de drywall. Trata-se de uma fita de espuma autoadesiva aplicada na estrutura que contorna a parede, com dupla- função de isolamento: evitar a passagem de som por frestas entre o perfil e o elemento estrutural e impedir que a onda sonora que atinge a parede drywall seja transmitida à estrutura da edificação por vibração.
“Como em qualquer sistema construtivo, a impermeabilização deve ser feita com produtos de base cimentícia, asfáltica ou polimérica”, orienta Douglas Meirelles, coordenador do Departamento Técnico da Placo. “Em geral, a aplicação e as recomendações são as mesmas da na alvenaria. A argamassa polimérica é uma das opções mais utilizadas”, complementa Eliene Ventura, gerente do SAC da Vedacit, que ressalta a praticidade dessa alternativa. A argamassa polimérica é aplicada como uma pintura, com trincha, em 3 a 4 demãos cruzadas – entre a primeira e a segunda camada, é necessário colocar tela de poliéster estruturante para impermeabilização em cantos vivos, arestas, meias canas e similares.
Outro sistema impermeabilizante bastante utilizado é a manta asfáltica. Nesse caso, o trecho de 20 cm no encontro do piso com a parede receberá um rodapé metálico – a chapa de drywall é instalada logo acima desta peça, com a base apoiada sobre ela. A manta é aplicada na região do rodapé com maçarico e, sobre ela, é preciso aplicar ainda proteção mecânica (geralmente, argamassa de contrapiso), que protegerá a manta e eliminará a diferença de espessura existente entre esse trecho e a placa de gesso. A saber, enquanto o drywall mede, em geral, 12,5 mm, o rodapé metálico tem 1 mm e, a manta asfáltica, cerca de 4 mm. A proteção mecânica, portanto, deve ser realizada com aproximadamente 7,5 mm a fim de igualar os dois trechos.
Após a impermeabilização, a parede pode receber qualquer tipo de acabamento. No caso das peças cerâmicas ou rochosas, é primordial a utilização de argamassa colante do tipo ACII ou ACIII e rejuntes flexíveis. Isso porque o sistema de drywall transfere as deformações da estrutura em que está encaixado para o revestimento. Consequentemente, este precisa ter certa mobilidade a fim não fissurar. Também é importante atentar ao dimensionamento das cargas da parede: acabamentos mais pesados podem exigir o uso de chapas duplas e a redução do espaçamento entre os perfis verticais, dos tradicionais 60 cm para 40 cm.
Depois do conserto, o fechamento é feito com a recolocação da chapa retirada ou, dependendo de seu estado, com a colocação de uma nova, de mesmo tamanho do anterior – dois pedaços de perfil estrutural precisarão ser aparafusados junto às extremidades da abertura a fim de que, neles, o recorte de chapa possa ser aparafusado. “A correção por meio da troca parcial da chapa pode ser feita somente em caso de pequenos reparos (até 30 x 30 cm). Em caso de danos maiores, deve-se substituir a placa toda, de tal forma que seja possível fazer o aparafusamento na estrutura original”, sublinha Francieli Lucchette, coordenadora técnica da Gypsum.
Neste banheiro, a placa verde de drywall RU foi aplicada tanto nas paredes quanto no forro. Projeto da arquiteta Ana Yoshid
Usados na região dos furos dos montantes, protetores plásticos evitam que pontas cortantes do metal danifiquem as tubulações hidráulicas plásticas
Quando este procedimento é realizado em uma região com revestimento cerâmico ou similar, é inevitável perder a chapa original. Uma alternativa será empreender o conserto pelo outro lado da parede, o que pode ser vantajoso se este possuir apenas acabamento com tinta, por exemplo. Lançando mão de um imã, é possível identificar a localização exata dos perfis metálicos e, então, marcar corretamente o nível e o prumo das referências para o corte.
A finalização do trabalho dependerá justamente do tipo de revestimento existente: superfícies azulejadas, pastilhadas ou com revestimentos cerâmicos exigirão a refação do processo de assentamento. Já as paredes com tinta pedirão uma cobertura de massa de rejunte e fita de papel microperfurada, antes da repintura.